Pois que lá fui eu com uma expectativa grande, pois gosto de musicais e os ultimos não me desiludiram, ver este burlesque e não é que:
De burlesco pouco ou nada têm, não glorifica esta forma de arte, ultimamente tão divulgada e apregoada por “Dita von Tease”, e com décadas de provas dadas no quartier latin de Paris de França, mais conhecido por “Moulin Rouge”.
Obra fraquinha, muito fraquinha, com poucos ou nenhuns diálogos interessantes, um sofrimento atroz para quem gosta de cinema, e uma optima forma de se ver um concerto de Cristina Aguilera sob a pseudo forma de cinema.
Nem a Cher nos safa, a não ser nos dois, muito pequenos, apontamentos musicais.
O filme é, como diz um amigo meu, mais do mesmo, a criatura pobrezita que foge de uma terreola qualquer sem dinheiro, para tentar vingar no mundo do espectáculo de uma grande cidade, que é maltrada por tudo e todos, roubada e quando já nada mais lhe pode acontecer, arranja emprego num bar para tentar subir ao palco e provar que é de facto uma artista, ring a bell anyone?????.
Aborrecido, desenchabido e entediante, não vale em lado algum o dinheiro do bilhete, nem mesmo para as meninas verem o corpito nu de um dos personagens, que segundo rezam as crónicas é muito bem apessoado.
Assim divagamos, com vontade de, se o tivessemos, carregar no botão do fast forward, por estas duas horas de cinema.
Comentário fraquinho para um filme que não merece muito mais, não vão ver, nem mesmo se forem fãs da Cristina Aguillera.
Um dos melhores filmes do ano, será?
Para mim foi de certeza, mas sou suspeito, o filme tocou-me em lugares tão profundos do meu ser que só podia gostar do mesmo, mas deixemo-nos de falar da minha pessoa para passarmos a falar do que aqui realmente interessa, ou seja, esta obra genial que se chama Cisne Negro.
Desenganem-se aqueles que julgam que vão ver uma versão cinematográfica de um bailado mítico. Não meus caros trata-se de muito mais que isso e o bailado é apenas uma forma bonita de disfarçar o terror enorme do que se passa na cabeça de muito boa gente.
Darren Aronofsky, sim é dificil de prenunciar, mas se falar-mos de o Lutador ( the Wrestler), talvez reconheçam a criatura, verdade?, apresenta-nos aqui uma obra prima da arte cinematográfica e eleva ao pináculo máximo do cinema a pequenita “Queen Amidala” ou a sedutora “Alice”, mais conhecida como Natalie Portman.
Dificil de perder a estatueta dourada este ano, mas com os americanos tudo é possivel, “Nina” uma promissora bailarina de ballet clássico, luta como todos os da sua arte por ser a primeira e obter desta forma os melhores papeis e a atenção do mundo.
“Nina”, demasiado técnica, influenciada por uma mãe ultra protectora, desconhece as dores e prazeres do amor, e como tal por muito que se esforçe não consegue passar para o público a emoção de tal sentimento, que todos procuramos, e dessa forma sai prejudicada na sua luta pelo papel principal do bailado a ser ensaido.
Aqui começa o desenrolar de uma história, muito pessoal e uma luta mais fechada ainda, qe “nina” tem consigo própria e com as visissitudes que a envolvem diáriamente.
Obcecada por se fazer notar, sentir, amar pelo director artistico da companhia, mas demasiado receosa, por desconhecimento de causa, de se dar e entregar a tal sentimento.
Começamos a aperceber-nos da guerra interna da própria quando ao olhar-se no espelho se vê muito mais que o rosto mas todos os terrores que correm no seu espirito.
De uma intensidade dramática horripilante, não é de todo para pessoas sem a cabeça bem assente nos ombros, ou talvez deva ser obrigatório, pois de certeza absoluta que muitos de nós nos vamos ver retratados em pequenos pormenores dos terrores da pequena diva.
Com momentos de bailado lindos de morrer, diálogos ou monólogos, como o queiram interpretar excelentes e desempenhados com mestria por todos os actores envolvidos, temos aqui um filme arrebatador não pelo sentido da paixão nele contido, mas pelo demonstrar cru e sem máscaras da dupla personalidade que quer o cisne negro possui quer a nossa pequena israelita.
Confesso que chorei bastante a ver este Cisne Negro, e que fiquei terrivelmente perturbado com o mesmo, talvez por me retratar tanto nos temores da “prima Ballerina”.
Vão ver, que vale muito, mas muito mais que os seis euros que hoje custa uma sessão cinematográfica.
Não façam como eu por favor e não o vão ver sozinhos, este é um filme que precisa obrigatóriamente de ser visto acompanhado pois o murro no estomago é demasiado violento para o aguentar-mos sozinhos.
O AMERICANO
Vamos ver um filme de acção semelhante ao “BOURNE”?
Pois se querem não vão ver este americano, não é de todo o que estamos á espera de um filme com este título e que quem não se embrenha no cinema como alguns de nós pode sentir-se “enganado” no mesmo.
O primeiro filme de um realizador praticamente desconhecido “Anton Corbijn”, até hoje essencialmente dedicado a documentários musicais (realizou alguns dos dvd’s dos U2, Depeche Mode, e fez um documentário “Control” sobre a vida do vocalista dos “Joy Division”) e agora com um empurrão financeiro do senhor dos cafés dedicou-se á sétima arte de uma forma surpreendente .
Começamos com uma paisagem ilidica e perfeitamente enquadrada nos dias gelados que vivemos em Portugal, em que o Sr. Clooney se passeia com a sua ultima conquista por um mar de neve, de repente, do nada, o homem toma uma acção um pouco surpreendente e revela-se no seu todo, a partir daqui assiste-se a um desenrolar da acção filmado de uma forma extremamente europeia, em alguns momentos faz lembrar o cineasta geriatra “Manoel D’Oliveira”, grandes planos com paisagens lindas, contrastes de verdes com castanhos, a civilização com a natureza.
Filmado na Italia profunda, por vezes fazendo lembrar o nosso país, assiste-se aqui a uma mestria no manejo da camara e do som, consegue perceber-se, como no teatro a mudança de soalho, o eco das casas vazias, enfim um filme para ser visto com todos os sentidos e não só com a vista.
Muito mais que a história de um assassino, aqui vemos Clooney a fazer aquilo que raramente faz e quando o faz fá-lo bem, “Boa Noite e Boa Sorte” é um exemplo disso, a interacção de pessoas completamente antagónicas mas que se aproximam através de pequenas experiências comuns.
A amizade impossivel entre um assassino e um padre, a entrega e descoberta de um amor com uma personagem que não se está á espera, e o despojar de todas as defesas para a defesa e entrega a esse amor.
Bonitos os dialogos entre o Padre e Jack, a cena no jardim em que os bastardos foram concebidos é de uma profundidade gigante, vão ver que percebem, a descoberta de Edward e Clara, em que Edward numa simples frase descreve muitas das relações que conhecemos e quiça vivemos, “estou aqui para receber prazer, não para o dar” é de emocionar até aqueles que por algum motivo estão fechados para o amor.
A música que acompanha este postal turistico de itália e esta história de amor camuflada com acção é muito bem conseguida.
Surpreendeu-me pela positiva este Americano e ao contrário daquele que se bebe numa certa cadeia de cafés que agora se está a instalar em Portugal, fiquei com vontade de ver mais e mais deste realizador.
É pena que provavelmente não vá sequer a nomeações para Oscar, porque merece e muitos, mas provavelmente irá ganhar alguns em Cannes e quem sabe levar uns ursos para casa.
Bonito senhores, muito bonito, vão ver que vale a pena o dinheiro do bilhete.
Tentem achar este “Grey’s Gardens” em qualquer lado, é muito mas muito bonito de se ver. Os prémios foram bem entregues
Seguindo a tradição dos filmes asiáticos, este “Maldição da Flor Dourada”, segue a mesma linha de grandes e coloridos cenários, quantidades absurdas de extras, tradições desconhecidas para os ocidentais e por tal facto tão fascinantes.
A acção decorre dentro da Cidade Proibida, numa época em que o Imperialismo estava vivo e de boa saúde e o Imperador e sua família eram tratados como divindades que estavam neste mundo terreno para orientarem e cuidarem dos comuns mortais.
A Imperatriz que sozinha nos palácios da referida cidade, vive a sua vida pelas orientações dadas pelo Imperador, que lhe “aconselha” um tratamento para uma qualquer doença que ela desconhece mas que desconfia não ter.
Assim se inicia um enredo, que como em todas as histórias asiáticas, se torna complexo e rodeado de tradições que os ocidentais não conseguem entender.
O Guarda-roupa excelente, os acessórios utilizados de uma complexidade e significado que vão muito além daquilo que conseguimos ver, os pormenores dos cenários onde a acção se passa Geniais e os movimentos das personagens teatrais ou se assim o quiserem interpretar, passos de dança num bailado irrepreensível.
Neste filme assistimos á corrupção existente em qualquer lugar, muito especialmente em locais onde o poder impera e pelo poder nos regemos. O tecer de uma teia á volta de todas as pessoas que cercam esta Imperatriz, tão bem tecida que quase resulta.
O percorrer dessa mesma teia, por um Imperador que todos pensamos ausente mas que consegue estar sempre um passo á frente de tudo e de todos, excepto do filho mais novo que é o único que o consegue surpreender e por tal surpresa sofre o castigo mais pesado.
A sede por um poder inatingível que termina com a queda de um anjo, que só toma as acções e partidos que toma por amor a algo que todos temos e que não conseguimos explicar.
A ânsia de uma vingança que aqui se prova que é servida fria, os jogos de poder entre os serviçais, enfim voltamos a puder encher a vista com este filme que segue o mesmo caminho do “Tigre e o Dragão” e o “Segredo dos Punhais Voadores”.
Vão ver, quanto mais não seja enchem a vista com toda aquela cor e imensa profundidade das paisagens e cenários.
Foi com alguma expectativa que fui ver este “RAINHA”, no entanto e pese embora o facto de ter gostado do filme, não me convenceu.
O porquê da nomeação para o Óscar da Melhor Actriz, o porquê de ter ganho o globo para melhor actriz. Claro que não podemos nunca dizer que Ellen Mirren não desempenha correctamente o papel que lhe foi destinado, no entanto e só por isso, é na maquilhagem, na escolha do guarda-roupa, que a personagem se cola á Rainha de Inglaterra.
Assim se Óscar fosse para estas características nada teria a dizer.
Passando ao filme em si e deixando-me de dissertações que não são mais que isso, o filme retracta o final do verão de 1997 e toda a feira que foi criada perante a morte de Diana e a ascensão a primeiro-ministro de Tony Blair.
O argumento tenta demonstrar aquilo que o publico não viu e que (especialmente o britânico) gostaria que fosse o que tivesse acontecido.
Assiste-se a uma demonstração de vida familiar numa família, sim que ao fim e ao cabo, são uma família, que por ser alvo de toda a atenção, que eles próprios criaram á sua volta, e que não querendo admitir gostam da mesma.
Vê-se a tentativa de um avô proteger e fazer com que a dor dos seus netos seja diminuída, numa forma nada habitual para o comum dos mortais, mas mais uma vez eles não são comuns. A caricatura de uma rainha-mãe no fim dos seus dias, mas ainda conhecedora da realidade e com frases que só a idade lhe permitem dizer e ser perdoada por tal.
O crescimento de um Charles que apoiando-se na morte da sua ex-mulher tenta fazer com que a família real evolua para o século XX e que se adapte a esta nova forma de gerir a sua popularidade.
Á ascensão de um homem comum ao mais alto cargo político em terras de sua majestade, com uma mulher inteligente por trás de si a ajudá-lo mas também a tentar fazer valer os seus ideais.
Fundamentalmente assiste-se a dois pontos de vista diferentes de viver uma dor que é curada por cada um de nós de forma diferente, mas que no fim todos queremos o mesmo, vivê-la em silêncio, em reclusão e por a própria ter criado o circo á sua volta teve de lidar com o mesmo, nunca pensando nos seus filhos, da forma que em vida viveu. NAS LUZES DA RIBALTA.
“Deus, irado com a ousadia humana, teria feito com que todos os trabalhadores da obra começassem a falar em idiomas diferentes, de modo a que não se pudessem entender, e assim, acabaram por abandonar a sua construção. Foi neste episódio que, segundo a Bíblia, explica a origem dos idiomas na humanidade. (Génesis 10:10; 11:1-9)”
É com esta citação que inicio o comentário deste BABEL, sempre na mesma linha que o realizador nos habitou (AMOR CÃO,
O enredo começa numa qualquer montanha de Marrocos, com dois irmãos a brincarem a serem homens, aqui se inicia aquilo a que decidimos chamar de “Efeito Borboleta”, será que existe?
Iñárritu aqui tenta demonstrar que de facto existe, de uma forma estranha, mas que no fim faz sentido.
Quando um pastor decide comprar uma arma para proteger a sua forma de subsistência, bem como a da sua família, desencadeia toda uma série de acontecimentos que se repercutem pelo mundo. Turistas que viajam num autocarro por montanhas cobertas de cascalho em que a primeira vista é impossível a sobrevivência de algo, mas que se conseguirmos olhar para além das referidas montanhas, conseguimos ver que existe todo um mundo que ali sobrevive, de repente um barulho estranho e toda a acção se inicia, um casal de americanos longe da sua amada América, em apuros, uma adolescente japonesa que não consegue ultrapassar o assistir ao suicido da mãe e com um pai ausente que tenta em pouco tempo recuperar a confiança e o amor que pela ausência nunca o conseguiu obter, uma mexicana a trabalhar no Eldorado que os mexicanos consideram a América, e que por ser mexicana e ter uma profissão pouco digna de respeito para os locais, é tratada como se não tivesse sentimentos ou vida própria e que por esse mesmo motivo embarca numa aventura que não termina da melhor forma.
Interessante de ver os conflitos internos e externos de cada personagem á medida que a acção se desenrola, Lindo as interpretações da criada mexicana e da adolescente japonesa, conseguem levar ás lágrimas toda a audiência pela transmissão da dor e do desespero de assistir ao desabar de toda uma vida de trabalho árduo.
O realizador consegue, muito em parte devido ao argumento, desenvolver uma crítica mordaz aos chamados países desenvolvidos por pequenas cenas, atravessar uma suposta fronteira, o entregar de dinheiro como pagamento de uma acção humanitária, o pensar que por pertencermos a um pais desenvolvido temos de ser tratados de forma distinta dos locais, o egoísmo próprio de quem vive numa grande metrópole.
Vamos então tentar erigir novamente esta torre de BABEL mas sem nos deixarmos afectar por algo tão simples como diferentes pontos de vista. Talvez assim consigamos atingir aquilo que os filhos de NOE não conseguiram e atingir os objectivos iniciais desta TORRE.
Tradição
Neste mundo em que a globalização e a massificação são palavras de ordem, em que os nossos democráticos lideres nos orientam para a cultura global, e para a perca da identidade própria de um povo em prole de um bem maior, a Unificação dos povos.
A Domadora de Baleias mostra-nos de uma forma simples, com imagens de uma beleza antiga e diálogos ainda mais remotos, que o caminho não será bem esse:
Dentro de uma cultura que para os ocidentais ainda é mais estranha que a oriental, a cultura do povo nativo desse pais tão distante, belo, fascinante e ainda misterioso como a Nova Zelândia, chega-nos a história do nascimento desse povo (Maori), que nos dias de hoje se vê confrontado com a evolução versus tradição. A tradição indica que quem sucede ao actual líder é o filho primogénito, e para tal o mesmo será educado e ensinado de forma a puder comunicar com os deuses e orientar o seu povo para o caminho do sucesso e vingança num mundo austero.
Movido pelo desgosto de ter perdido a mulher e um dos filhos devido a complicações no parto, Porourangi decide partir em busca de um novo recomeço, e por para traz toda a carga tradicional que carrega por ser filho do actual líder, e a imposição de ele próprio se ter que tornar líder.
Colocado a braços com uma neta que não quer, Koro, aprende a amá-la mas não consegue evoluir e aceitar que até mesmo as tradições podem evoluir, e aceitar a neta como herdeira da sua responsabilidade de chefia.
Assim começa esta história com diversos caminhos sinuosos, como o próprio país, cheio de altas e monumentais montanhas, em que se assiste á quebra da barreira gélida, que lhe foi colocada pela tradição, de um avô a mostrar o seu amor por uma neta; a desilusão de um segundo filho, que por ser segundo não merece, mais uma vez a tradição, o respeito de um pai que adora; a tentativa de transmissão de valores obsoletos, serão !!, a uma juventude sem perspectivas obrigada a viver por inerência do seu local de nascimento num local recôndito do mundo.
Assiste-se neste Whale Rider ao cruzar de gerações, de tradições, de prioridades, enfim ao cruzar de vidas retratadas de uma forma simples, como a aldeia em que se desenrola a acção, com imagens sincopadas que por vezes nos leva a crer que assistimos a um documentário e não a um filme e ao desabrochar de uma actriz que por imposições financeiras e lobbys, que não existem, da industria cinematográfica e por puro azar de concorrer com a excelente interpretação de Charlize Theron, não ganhou o referido prémio.
Procurem por favor nos escaparates da vossa loja de vídeo este Whale Rider. A domadora de Baleias, percam o preconceito de assistirem a filmes independentes, e aceitem o legado que nos tentam transmitir neste filme.
Confesso que me consegui emocionar ao ponto de o mar do filme passar por artes mágicas ou por algo que desconhecemos da cultura Maori para os meus olhos.
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